OTTO é uma música minimalista no vocabulário e intensa na sua energia. Os três músicos tocam o mesmo instrumento: o tapan, uma percussão balcânica com apenas dois sons de peles. Tocam também percussões metálicas (gongo, prato de bronze). O interesse musical do grupo é procurar desenvolver uma ideia tendo uma paleta sonora muito limitada, a construção musical depende mais da colocação no tempo e do entrelaçamento dos três instrumentos. O concerto é composto por duas partes que se interligam e têm secções muito fixas e outras totalmente improvisadas. O início é uma longa progressão sobre um ritmo tradicional búlgaro de sete tempos, que, através de sucessivas passagens de um tapan para outro, revelam polirritmias cada vez mais complexas. A repetição transcendente do ciclo também dá origem a variações de timbre, ritmo e cor que, consoante o espaço, podem ser muito variáveis. Esta longa subida irrompe quando o uníssono regressa, mesmo que furtivamente, parecendo aliviar a tensão que volta a surgir com o aparecimento do timbre metálico, trazido pelo gongo, potente, redondo e rangente, dando lugar a uma longa improvisação com dois tapan e gongo que tem tanto de mecânico como de brusco e ruidoso.
OTTO is music that is quite minimalist in vocabulary and intense in its energy. The three musicians play the same instrument: the tapan, a balkan percussion with only two sounds of skins. They also play metallic percussions (gong, bronze plate). The musical interest of the group is to seek to develop an idea by having a very limited sonic palette, the musical construction then depends more on the placement in time and the interweaving of the three instruments. The set is in two parts which are linked and have very fixed sections, and others totally improvised. The beginning is a long progression on a traditional bulgarian seven-beat rhythm, which, through successive shifts from one tapan to another, reveals increasingly complex polyrhythms. The transcendent repetition of the cycle also gives rise to variations in timbre, rhythm and color which, depending on the space, can be very variable. This long ascent erupts when the unison returns, even furtively, seeming to relieve the tension which arises again with the appearance of the metallic timbre, brought by the gong, powerful, round and creaking, giving way to a long improvisation with two tapan and gong that is as much mechanical as it is jerky and noisy.
Tapan, percussão / Tapan, percussions - Gabriel Valtchev, Pol Small, Camille Emaille
Percussionista oriunda de uma aldeia do Mercantour nos Alpes Marítimos, Camille Emaille fez os seus estudos clássicos nos conservatórios de Nice e Estrasburgo antes de ingressar na Musik Akademie de Basileia para aperfeiçoar as suas competências em música contemporânea e improvisação com Christian Dierstein e Fred Frith. Depois de um período no Mills College em Oakland, onde trabalhou com Roscoe Mitchell e William Winant, interrompeu os seus estudos para se dedicar inteiramente a todos os seus projectos fora da escola. Atualmente, a sua prática baseia-se numa relação física com o som, tanto no material e volume dos instrumentos com que trabalha, como no trabalho com o barro, como na energia física despendida ao tocar. Seja através da improvisação, da música escrita ou pré-estruturada, Camille procura essa linha onde a energia, a concentração e a escuta são ativadas a um nível tal que a consciência de si próprio, em relação ao resto do mundo, acaba por desaparecer.
Atualmente, apresenta-se principalmente como solista, em trio com GÉSIR, grupo composto por Jean-Luc Guionnet no órgão e Julien Desailly na gaita de foles, com OTTO composto por Gabriel Valtchev e Pol Small onde os três tocam o Tapan (percussão búlgara), com o duo OXKE-FIXU com o clarinetista Xavière Fertin com quem criou um gongo accousmonium que difunde e transforma os sons do clarinete e da percussão, num outro duo com a guitarrista Nina Garcia, como parte do grande grupo de improvisação “Le Un”, o quarteto ESCARGOT com Tom Malmendier na bateria, Louis Frères no baixo e Xavière Fertin no clarinete, e num trio com Hans Koch (clarinetes) e Dieb13.
Pol Small é um percussionista francês que faz parte de vários grupos, como OTTO, Oyna K, Relaps, entre outros.
Gabriel Valtchev nasceu em Cannes. Movido pelo ritmo, iniciou os seus estudos musicais em percussão e tocou em big bands da sua região. Alguns anos depois, com o diploma do Conservatório de Estrasburgo em mãos, chegou a Genebra um pouco por acaso para continuar os seus estudos na Haute École de Musique. Atualmente, Gabriel ensina percussão e bateria, e toca em cerca de dez formações diferentes, explorando uma variedade de géneros que vão desde a música tradicional dos Balcãs até à música contemporânea improvisada, jazz, noise, drone e ambient.